A criação deste Blog tem como principal objetivo se tornar uma ferramenta de pesquisa colaborativa, a fim de que o processo de construção do conhecimento ocorra de forma interativa entre seus participantes (visitantes).

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Educação em rede: entendendo a função dos mediadores tecnológicos

Alcione Costa da Silva
Humberto Oliveira Ribeiro

Atualmente, com o constante impacto do processo de globalização, que se faz cada vez mais presente no mundo, vivemos conectados em uma “sociedade em rede”, a qual tem transformado a vida das pessoas, interligada por computadores que acabam por criar novas formas de comunicação e transmissão de informações, de maneira cada vez mais crescente e acelerada.

Esta rede afeta diretamente todos os segmentos da sociedade, inclusive a educação, que tem sido fortemente impactada pelo avanço das tecnologias de informação e comunicação como afirma Magnavita (apud Lévy, 1993), pode-se “[...] dizer que a sociedade atual caracteriza-se, sobretudo, pela mutabilidade e pelo movimento acelerado de produção e divulgação de conhecimentos [...]”.

O desenvolvimento acelerado dessas tecnologias se dá pela proximidade, gerada pela globalização, dos diversos setores industriais que se aperfeiçoam e potencializam as possibilidades de comunicação entre os indivíduos.

A potencialização da circulação de informações através da parafernália tecnológica à nossa disposição, a exemplo do telefone, dos satélites e dos equipamentos de informática, acaba por atingir também a educação, que tem de se moldar a essa nova realidade.

Assim, a discussão sobre EAD ganha um destaque maior, justamente pela possibilidade de contribuir com o debate sobre redução tanto das desigualdades educacionais, como das distâncias entre as diversas esferas e sistemas de educação. (MAGNAVITA, 2010)

Somos, dessa forma, impelidos a refletir sobre processos educativos que não se restrinjam aos esquemas tradicionais de ensino, mas em modalidades que ofereçam novas possibilidades, rompendo com as barreiras do espaço-tempo, impostas por currículos ultrapassados, e apresentando novos ambientes de aprendizagem.

Para se adequar a esses novos processos, a educação, mais especificamente a EAD, tem se aproveitado de diversos recursos midiáticos, principalmente os ambientes virtuais de aprendizagem, que, de acordo com Machado e Teruya (apud PEREIRA; SCHIMIT; DIAS, 2007, p. 4) são mídias[1] que utilizam o ciberespaço para transmitir conteúdos e possibilitar a interação entre os envolvidos no processo educativo.

[...] Porém a qualidade do processo educativo depende do envolvimento do aprendiz, da proposta pedagógica, dos materiais veiculados, da estrutura e qualidade dos professores, tutores, monitores e equipe técnica, assim como das ferramentas e recursos tecnológicos utilizados no ambiente. (MACHADO E TERUYA, apud PEREIRA; SCHIMIT; DIAS, 2007, p. 4)

Podemos chamar de mediação esse conjunto de atores, processos, instrumentos e signos, uma vez que são eles que medeiam nossas ações no dia-a-dia, e são alterados de acordo com o contexto em que estejamos inseridos. De acordo com Valente (2009, apud REGO, 1995, p. 102):

Vigotsky estendeu a noção de mediação homem-mundo pelo trabalho e uso de instrumentos ao uso de signos. Afirma que a relação do indivíduo é mediada, pois este, enquanto sujeito de conhecimento, não tem acesso imediato aos objetos e sim a sistemas simbólicos que representam a realidade.

No ambiente escolar essa mediação assume um caráter sistematizado, passando a denominar-se mediação pedagógica, pois:

[...] acontece, portanto, simbolizada pela ocorrência de processos de ensino-aprendizagem intencionais, pré-estruturados e desenvolvidos em consonância com os saberes escolares e mediadores tecnológicos disponíveis [...]. (VALENTE, 2010, p. 21)

Mediadores tecnológicos são os materiais didáticos hipermidiáticos e os Ambientes Virtuais de Aprendizagem com todos os seus recursos, a exemplo de wikis, fóruns de discussão e chats, dentre outros.

O wiki é uma ferramenta assíncrona[2] utilizada na internet, tendo sido criada há 15 anos, por Cunnigham, e sua utilização tem crescido a cada dia nas mais variadas áreas. Ela permite o trabalho em grupo, onde vários autores constroem textos, acrescentando ou alterando o seu conteúdo, podendo assim serem também editores e leitores. Permite ainda a construção de projetos, livros e todo tipo de texto colaborativo, todos podem contribuir com postagens nos ambientes, lendo o que já foi escrito por outras pessoas e ainda intervindo nos textos já disponíveis, sendo assim um grande suporte nas atividades de ensino e aprendizagem.

Corroborando com tudo isso, Claudia Aragão diz que:

Um wiki (wiki wiki que significa “rápido” em havaiano) é uma página web colaborativa. É elaborada através do trabalho coletivo de diversos autores. [...] qualquer um pode editar seus conteúdos mesmo que estes tenham sido criados por outra pessoa. [...] O primeiro wiki foi criado por Ward Cunnigham em 1995. [...] A funcionalidade desta ferramenta colaborativa é de grande interesse para a educação. [...] É um ponto importante e interessante para o trabalho colaborativo quando se quer elaborar um trabalho que tenha muitos pontos ou entradas (glossários, dicionários, enciclopédias, escrita de anotações, ramos de uma determinada ciência, trabalhos de investigação desenvolvidos em países diferentes, etc.), que podem ser redigidos por diferentes pessoas. (ARAGÃO, 2009, p. 24)

Podemos também dizer que,

[...] o sistema Wiki veio permitir não apenas a reunião de dados, mas a própria geração de novos conhecimentos de forma compartilhada entre diferentes sujeitos, a qualquer tempo e de qualquer lugar. Ou seja, não se trata apenas de uma ferramenta de indexação e formatação, mas a criação de um espaço de debate e sintetização de textos. Ou seja, o papel do interagente não é apenas de um bibliotecário, mas verdadeiramente de um autor, no sentido mais estrito da palavra. (PRIMO E RECUERO, 2003, p. 7)

Assim como o wiki, o fórum de discussão também é uma ferramenta assíncrona que têm auxiliado a EAD no processo de construção do conhecimento. Para ser utilizada é necessário o uso da internet, e sua função é “promover debates através de mensagens publicadas abordando uma mesma questão.” [3]

Muitos fóruns de discussão possuem regras definidas para a sua utilização, como: o registro do usuário[4], ainda que seja apenas o e-mail, limite mínimo de idade, não usar palavras de baixo calão, racismo, etc. Alguns destes fóruns têm censor de palavras para censurar àquelas indesejadas. Os usuários que não cumprem as regras são punidos com advertência, suspensão ou até mesmo são banidos do fórum. Todos os fóruns têm características que podem ser ou não habilitadas pelo administrador[5] do mesmo.

O chat é uma ferramenta síncrona[6], também conhecida como bate-papo, que permite o envio e recebimento instantâneo de mensagem e comentários, possibilitando o esclarecimento de dúvidas, discussões e a criação de vínculos em cursos a distância.

Outro fator interessante do chat é que ele permite a definição de temas para discussão, o armazenamento dessas discussões para consulta posterior e uma dinâmica colaborativa de seus participantes.

Existem inúmeros outros mediadores tecnológicos que podem ser utilizados na EAD, mas foram citados aqui apenas alguns dos mais utilizados nos ambientes virtuais de aprendizagem.

Entretanto, existem ressalvas quanto a utilização desse mediadores tecnológicos, pois, como afirmam Machado e Teruya (2009), muitas vezes,

Ao se utilizarem AVAs em cursos da modalidade a distância, espera-se que a simples disponibilização de materiais didáticos, textos e mídias audiovisuais, garantam que todos os alunos, muitas vezes de forma solitária, se apropriem do conhecimento sem que haja, contudo, uma mediação pedagógica efetiva. Os momentos síncronos nesses cursos acontecem com menor freqüência e as ferramentas de interação nem sempre alcançam seus objetivos.

Portanto, é muito importante que todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem estejam comprometidos com o mesmo, pois, como afirma Okada (2003):

[...] todos os sujeitos são mediadores uns dos outros e mediados pelo próprio mundo. Todos são seres históricos que contribuem para o desenvolvimento de si e do outro. Todos são construtores do conhecimento individual e coletivo na sua inteireza, na dimensão biológica, física, psíquica, cultural, social e planetária.

Assim, “Ao se pensar a utilização das tecnologias de informação e comunicação do ponto de vista da mediação pedagógica é salutar identificá-las/entendê-las a partir de uma abordagem colaborativa [...]” (VALENTE, 2010, p. 24), pois, para que as diferentes estratégias de mediação do processo de ensino-aprendizagem se estabeleçam é de fundamental importância que quem as define esteja ciente do seu papel de mediador pedagógico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAGÃO, Cláudia. Comunidades Virtuais de Aprendizagem. Salvador: Empresa Gráfica da Bahia, 2009.

MACHADO, Suelen Fernanda; TERUYA, Teresa Kazuko. Mediação pedagógica em ambientes virtuais de aprendizagem: a perspectiva dos alunos. Disponível em: http://www.diaadia.pr.gov.br/ead/arquivos/File/Textos/mediacao.pdf. Acessado em: 16/05/2010.

MAGNAVITA, Cláudia. Educação a Distância: Desafio Pedagógicos. Disponível em: http://www.unebead.adm.br/moodlecv/mod/resource/view.php?inpopup=true&id=6968. Acessado em: 16/05/2010.

NASCIMENTO, Iderlan Soares do. O professor como mediador do saber científico e educativo. Disponível em: http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/o-professor-como-mediador-do-saber-cientifico-e-educativo/26554/. Acessado em: 04/06/2010.

OKADA, Alexandra Lilavati Pereira. A mediação pedagógica e a construção de ecologias cognitivas: um novo caminho para a educação a distância. Disponível em: http://www.unebead.adm.br/moodlecv/mod/resource/view.php?id=6969. Acessado em: 16/05/2010.

OLIVEIRA, Maria Rita Neto Sales. Do mito da tecnologia ao paradigma tecnológico; a mediação tecnológica nas práticas didático-pedagógicas. Disponível em: http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/RBDE18/RBDE18_10_MARIA_RITA_NETO_SALES_OLIVEIRA.pdf. Acessado em: 16/05/2010.

PESCE, Lucila. Metodologia de mediação a distância: considerações preliminares. Disponível em: http://www.apropucsp.org.br/revista/r24_r06.htm

Acessado em: 04/06/2010

PRIMO, Alex; RECUERO, Raquel. Hipertexto Cooperativo: Uma Análise da Escrita Coletiva a partir dos Blogs e da Wikipédia. Disponível em: http://www6.ufrgs.br/limc/PDFs/hipertexto_cooperativo.pdf. Acessado em: 09/05/2010.

VALENTE, Vânia Rita. Mediação Pedagógica. Salvador: UNEB/GEAD, 2010.

VIEIRA FILHO, Raphael Rodrigues. Orientações para apresentação de trabalhos acadêmicos: monografia de conclusão de curso. Salvador: Portfolium, 2008.



[1] Mídia: pronúncia do inglês para o vocábulo latino media, que em português significa meios, com acepção de meios de comunicação.

[2] Assíncrona: que não ocorre ou não se efetiva ao mesmo tempo.

[3] Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%B3rum_de_discuss%C3%A3o

[4] Usuário: possui liberdade para publicar mensagens em tópicos abertos ao debate e respondê-los independentemente de quem os publicou. http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%B3rum_de_discuss%C3%A3o

[5] Administrador: é o que agrega as funções de administração e configuração do fórum, criação de adequação de novas salas, é quem tem permissão para enviar e-mails em massa, é quem pode bloquear, suspender ou expulsar outros membros, entre inúmeras outras funções administrativas –

http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%B3rum_de_discuss%C3%A3o

[6] Síncrona: diz-se dos movimentos que se executam ao mesmo tempo.

sábado, 3 de julho de 2010

Resenha DESCRITIVA do livro Educação e Contemporâneidade, de Lima Junior e Lynn Alves

Recentemente, Arnalud Soares de Lima JUNIOR e Lynn Rosalina Gama ALVES escreveram o artigo “Educação e Contemporaneidade: novas aproximações sobre a avaliação no ensino on-line” (disponível em http://www.unebead.adm.br/moodlecv/mod/resource/view.php?id=5911, tendo sido acessado em 16/04/2010), a ser publicado no livro Avaliação Online, organizado por Marco Silva e Edméa Oliveira.

Arnalud Soares de Lima JUNIOR é Doutor em Educação e Comunicação pela UFBA, Profº. Adjunto da UNEB, Coordenar da Linha de Pesquisa “Educação, Tecnologias Intelectuais, Currículo e Formação do Educador” e, Lynn Rosalina Gama ALVES é Doutora em Educação e Comunicação pela UFBA e professora da UNEB e Faculdades Jorge Amado.

O artigo, como já indica o seu título, faz uma reflexão sobre o tema da avaliação, utilizando conceitos de autores como Luckesi, Hoffmann e Demo, além, de estabelecer relações com o ensino online.

O texto está divido, basicamente, em quatro seções, além de uma breve introdução, que falam sobre a perspectiva interativa-processual da avaliação, dos novos lócus de aprendizagem, do relato de uma experiência online e, por fim, da avaliação desse processo.

Na parte introdutória, os autores afirmam que a avaliação se tornou um tema muito discutido, já estando desgastado, mas destaca a importância de se pensar que o avaliar como um processo e empatia e também relacionando a temática com o ensino online.

A primeira seção relata um pouco do cotidiano das práticas escolares em seus diferentes níveis de ensino, bem como no fato de a avaliação se constituir, ante de tudo, em ato de diagnóstico, visando futuras e cuidadosas interferências no processo de ensino-aprendizagem, propondo alternativas pedagógicas para o desenvolvimento dos sujeitos envolvidos no mesmo.

Destaca ainda que o ato de avaliar tem sentido político e que a definição dos instrumentos avaliativos feitos pelo educador é resultado de suas concepções de educação e aprendizagem, lembrando que a maioria dos cursos presenciais ainda se baseia em testes e provas.

Ressalta também a de uma reflexão por parte do educador que é comprometido com sua prática e com o crescimento e a construção dos saberes de seus educandos, destacando o compromisso social que o processo avaliativo para com os mesmos.

Em sua segunda seção, o artigo traz a emergência dos novos espaços de aprendizagem, ressaltando sua fundamentação legal e a necessidade de resgate e atualização de novas discussões sobre a avaliação, agora inserida em outra modalidade de ensino, a educação a distância, especialmente através do ambiente Web.

Nesta parte, o artigo aponta os diferentes comportamentos que podem ser adotados pelos sujeitos envolvidos nesse novo processo, o ensino online, tais como a evasão, a participação mecânica e compulsiva e, o silêncio virtual, em detrimento de uma participação real.

Ainda nesse momento, ressalta a necessidade de um novo modus avaliativo, considerando que está se discutindo também um novo locus avaliativo.

Destaca também a interatividade desse novo processo de aprendizagem, onde cada elemento constitutivo do mesmo contribui para a instituição do fato sócio-histórico do qual participa, indicando a avaliação como processo de co-autoria e co-autonomia, destacando a relevância da mediação nessa dinâmica pedagógica.

Na terceira seção, os autores apresentam o relato de uma experiência online realizada no ambiente Moodles, com uma turma de Mestrado em Modelagem Computacional, na disciplina Educação a Distância.

Esse treco mostra as dificuldades apresentadas pelos alunos com o ambiente educacional online, e a falta de uma avaliação diagnóstica com os mesmo que pudesse prever os futuros problemas e solucioná-los de forma mais adequada.

O relato informa que os referidos alunos deveriam realizar a disciplina a distância, mas não foram avisados com antecedência, realizando a matrícula para realizá-la presencialmente. A partir daí surgem os problemas, pois uma parte da turma não aceita a proposta de fazê-la a distância e acabam tendo que concordar em dividi-la em presencial e a distância.

O professor da disciplina, então, acaba fazendo o diagnóstico ao longo do curso e busca novas propostas para o desenvolvimento da disciplina, utilizando ferramentas online e encontros presenciais.

Por fim, os autores fazem uma avaliação do processo na quarta seção, relatando a análise feita pelo professor a partir dos registros do Moodles, que apontam a dinâmica de participação no curso, por parte dos alunos e suas considerações finais.

O artigo é indicado para educadores e educandos interessados nas temáticas Avaliação e Educação e Distância.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Adagilson

Durante a graduação percebi, principalmente nas disciplinas de Didática, Metodologia e Estágio Supervisionado e Evolução da Matemática II, em debates na sala de aula, algumas inquietações de colegas quando o assunto a ser discutido era Educação à Distância. Havia, certamente, um preconceito com o novo modelo de Ensino, inclusive como Ensino Superior, porém a falta de informação contribuiu para a afirmação do preconceito a EaD.
A inserção desse modelo de ensino que utiliza recursos tecnológicos não agrada a todos, até porque existem casos, a maioria, que são instituições privadas que oferecem o ensino na modalidade à distância, e recebem os valores altíssimos do investimento público, recursos que deveriam ir para as instituições educacionais públicas. Ao mesmo tempo possibilitam inserção e participação de parte da sociedade classe média e alta, e exclusão continuada das classes mais pobres da sociedade. É preciso analisar os componentes curriculares dos programas e saber quais tipos de acompanhamentos pedagógicos são utilizados na aprendizagem dos alunos-futuros profissionais na Educação, na Saúde, nas Ciências Humanas, etc.
Os meios de comunicação utilizados como mediadores, o tipo de relação, a interatividade são aspectos que caracterizam um modelo comunicacional de educação à distância. Há uma preocupação com o uso das novas tecnologias, numa perspectiva de mediação pedagógica, que pode ser o modo como o conteúdo ou tema é apresentado, de forma que permita a produção de conhecimentos.
As tecnologias possuem relação direta com os valores social, cultural e histórico. E ainda mais, quando define-se a sociedade atual como “sociedade da informação”, devemos sair da idéia que a tecnologia se restringe aos novos usos de equipamentos e produtos eletrônicos para a apresentação dos conteúdos a serem apresentados. A partir disso é preciso a criação de uma lógica comunicacional interativa, capaz de dinamizar a educação, fazer com que tenhamos indivíduos formadores de opinião. Através da integração de um conjunto de ferramentas informatizadas, tornou-se possível a automação e comunicação dos processos de negócios, da pesquisa científica e também dos processos de ensino e aprendizagem, ampliando as possibilidades entre o real e virtual.
Em tempo real, é favorecida a construção de coletivos inteligentes, proporcionando uma efetiva disseminação, e ao mesmo momento a agilidade nas trocas de informações, estas sempre sendo atualizadas.
As comunidades virtuais de aprendizagem surgiram da interação e o convívio em redes de computadores, surgindo com total desprezo ao tempo e espaço, agindo rápido através do seu potencial de interatividade, o que vem inclusive a contemplar a necessidade do desenvolvimento crítico, da expressividade, da criatividade e capacidade de trabalho em grupo, esta última mesmo, vem sempre proporcionando o desenvolvimento nas relações sociais.
Mas mesmo assim, a EaD ainda enfrenta desafios e preconceitos, apesar de não ser uma modalidade nova no Brasil. Passa por isso também devido ao seu próprio avanço na utilização cada vez mais constante. E o que parece é que a EaD tem superado as dificuldades, e veio para ficar.

REFERÊNCIAS

SOUSA, Jesus Maria; FINO, Carlos Nogueira. As TIC abrindo caminho a um novo paradigma educacional. Departamento de Ciências da Educação da Universidade de Madeira Funchal, Portugal.
SILVA, Simone C. P. da; Integração Social da Tecnologia: Uma esfera da educação. Educação para a Integração.
Comunidades Virtuais de Aprendizagem / organizado por Cláudia Aragão et al. – Salvador: Empresa Gráfica da Bahia, 2009.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Co-laboração em Software Livre


Adagilson Silva Sena
Alcione Costa da Silva
Humberto Oliveira Ribeiro

Na sociedade contemporânea temos visto um crescimento acelerado do que chamamos de “software livre”. Este tipo de programa tem chamado a atenção dos usuários e amantes das tecnologias da informação e comunicação (TIC) pelo fato de serem mais seguros, mais estáveis e mais baratos.

O Governo Federal, bem como muitos governos estaduais e municipais, já estão migrando seus sistemas de software proprietário[1] para software livre, o que também tem alcançado a área educacional. Mas, afinal, o que é software livre?

Conceito de Software Livre

Segundo a Wikipédia (a enciclopédia livre), corroborando com a Free Software Foundation[2], Software Livre:

[...] é qualquer programa de computador que pode ser usado, copiado, estudado e redistribuído com algumas restrições. A liberdade de tais diretrizes é central ao conceito, o qual se opõe ao conceito de software proprietário, mas não ao software que é vendido almejando lucro (software comercial). A maneira usual de distribuição de software livre é anexar a este uma licença de software livre, e tornar o código fonte do programa disponível.

Para se enquadrar como “livre”, o software precisa atender aos quatro tipos de liberdade definidos pela Free Software Foundation, quais sejam:

· A liberdade de executar o programa, para qualquer propósito (liberdade nº 0)

· A liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo para as suas necessidades (liberdade nº 1). Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade.

· A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar ao seu próximo (liberdade nº 2).

· A liberdade de aperfeiçoar o programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se beneficie (liberdade nº 3). Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade. (CAMPOS, 2006)

Tais liberdades foram estabelecidas pela Free Software Foundation com o objetivo manter a liberdade de uso, estudo, redistribuição e aperfeiçoamento dos softwares caracterizados como livres, permitindo assim que os programas criados a partir destes continuem a manter as mesmas características, uma vez que este é um dos requisitos para a sua utilização e desenvolvimento.

Trabalho Colaborativo no desenvolvimento de Software Livre

O grande diferencial do Software Livre é que o mesmo não é desenvolvido por um único programador ou uma única empresa, o que acontece com o software proprietário. Sendo assim, o programa livre não tem um único dono, já que é desenvolvido por várias pessoas.

O Software livre surgiu por volta de 1983, quando Stallman, revoltado com os softwares proprietários, resolveu criar o GNU, um programa desenvolvido a partir do Unix (software proprietário com código aberto).

Já em 1992, o finlandês Linus Torvalds, utilizando o GCC, um compilador criado por Stallman, disponibilizou a primeira versão do Linux para que este fosse aprimorado por seus amigos, de forma colaborativa. Contudo essa forma trabalho não se restringiu aos amigos de Torvalds.

Com a propagação da internet, a proposta de Torvalds tomou proporções maiores, alcançando inclusive outros países. Assim, através do trabalho colaborativo, o Linux foi sendo aperfeiçoado e distribuído em todo o mundo, sempre seguindo o princípio das quatro liberdades.

Okano (2007) destaca que “é importante lembrar que todos os esforços e trabalhos colaborativos realizados nos projetos de Softwares Livres não são remunerados e são realizados voluntariamente pelos colaboradores”. Dessa maneira, podemos ver quanto o trabalho colaborativo pode ser importante no desenvolvimento das mais diversas atividades.

Softwares Livres desenvolvidos colaborativamente

Muitos são os projetos de desenvolvimento e manutenção de softwares livres em todo mundo, mantidos por comunidades de desenvolvedores de forma colaborativa. Podemos citar o projeto Debian, que é um sistema operacional livre, que utiliza o núcleo de um sistema operacional Linux, sendo que a maior parte das ferramentas vem do projeto GNU. O Debian GNU/Linux, como é chamado, vem com 18.733 pacotes[3]. Outro projeto importante é o OpenOffice, este foi criado com o intuito de fornecer editor de textos, planilha eletrônica, visualizador de imagens, etc.

No Brasil temos também dois bons exemplos de programas livres. São eles o Kurumin Linux, desenvolvido pelo programador Carlos Eduardo Morimoto, o qual é totalmente brasileiro, e o Linux Educacional, desenvolvido pelo Centro de Experimentação em Tecnologia Educacional (CETE) do Ministério da Educação (MEC), que, como o próprio nome diz é voltado para a área educacional.

O Linux Educacional se encontra na sua versão 3.0, baseado no Kubuntu[4] 8.04, é uma solução de software que colabora para o cumprimento dos objetivos do Proinfo[5], o qual busca favorecer o usuário final – professores e responsáveis por laboratórios de informática – no que se refere ao uso e acessibilidade de aplicativos educacionais personalizados.

Este sistema operacional traz consigo vários aplicativos voltados, principalmente para escolas, mas que também podem ser utilizados em ambientes domésticos. Além de programas multimídia e suíte de escritório, traz também vários aplicativos educacionais, tais como: tabela periódica dos elementos, treinamento em geografia, estudo de formas verbais em espanhol, desenho de funções matemáticas, exercícios com frações e porcentagens, editor de teste e exames, tutor de digitação, dentre outros.

Considerações finais

Podemos ver, através deste estudo, que o trabalho colaborativo é de suma importância para o desenvolvimento, em grupo, de qualquer produto. Este tipo de trabalho depende da participação de várias pessoas, sendo que, cada um faz a sua parte, mas, essas partes são dependentes uma das outras e fundamentais para o alcance de um objetivo final seja ele o desenvolvimento de um software ou a construção do conhecimento.

Referências Bibliográficas

ALVES, Lynn; JAPIASSU, Ricardo e; HETKOWSKI, Tânia Maria. A co-laboração de/em programas livres. Disponível em: http://www.comunidadesvirtuais.pro.br/colaborativo/06.htm. Acessado em: 29/09/2009.

ARAGÃO, Cláudia. Trabalho Colaborativo na web. Salvador: UNEB/EAD, 2009.

CAMPOS, Augusto. O que é software livre. BR-Linux. Florianópolis, março de 2006. Disponível em http://br-linux.org/linux/faq-softwarelivre. Acessado em 18/10/2009.

OKANO, Marcelo. Software Livre: Uma lição de trabalho colaborativo, agosto de 2007. Disponível em: http://www.timaster.com.br/revista/artigos/main_artigo.asp?codigo=1290. Acessado em: 29/09/2009.

SILVEIRA, Sérgio Amadeu da. Inclusão Digital, Software Livre e Globalização Contra-Hegemônica. Disponível em: http://www.softwarelivre.gov.br/artigos/artigo_02/. Acessado em: 20/10/2009.

Software Livre. Disponível em: http://codinomebeijaflor1.blogspot.com/2009/05/software-livre.html. Acessado em: 19/10/2009

Software Livre X Software Proprietário. Disponível em: http://ceicinha.wordpress.com/2009/04/14/software-proprietario-x-software-livre/. Acessado em 19/10/2009.

Tipos de Software. Disponível em: http://webyes.com.br/2005/04/10/tipos-de-software/. Acessado em: 19/10/2009

WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Linux Educacional. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Linux_Educacional. Acessado em: 18/10/2009.

__________, a enciclopédia livre. Software Livre. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Linux_Educacional. Acessado em: 18/10/2009.



[1] Um software proprietário/comercial é distribuído sem seu código fonte. É normalmente comercializado sob termos de uma licença de uso. Essa licença define uma série de termos os quais o usuário deve respeitar para estar habilitado a usar o software. Porque o código fonte não está acessível, é tecnicamente impossível modificar o software.

[2] Fundação criada pelo programador Richard Stallman, em outubro de 1985, com o intuito de difundir os ideais de Software Livre.

[3] Conjunto de informações e/ou pequenos programas incorporados ou vinculados a programas maiores.

[4] Programa livre baseado no Debian GNU/Linux.

[5] Programa Nacional de Informática na Educação